
Violência: pai de aluno agride professor em 25% dos casos
É o que revela estudo sobre violência nas escolas feito pelo Sindicato dos Professores de São Paulo (Apeoesp) com 684 docentes da rede estadual. "A mãe me jogou no chão, me deu tapas no rosto", conta uma professora
Professor vira vítima de pais de alunos
Segundo pesquisa, em 25% dos casos de violência contra os educadores da rede estadual, são os parentes os autores das agressões físicas e verbais
Fernanda Aranda e Ana Carolina Moreno
A violência contra o professor já faz parte da rotina das escolas públicas. O novo dado que aparece neste quadro é que os pais dos alunos decidiram subir 'no ringue'. Segundo pesquisa do Sindicato dos Professores de São Paulo (Apeoesp), em 25% dos casos de agressões verbais e físicas contra os educadores da rede estadual, são os parentes dos estudantes os autores das ameaças, tapas e xingamentos.
Em dezembro, durante um congresso de educação, o sindicato pediu a 684 professores que respondessem a um questionário sobre violência e mais de uma alternativa poderia ser assinalada. Resultado: 87% afirmaram que presenciaram algum ato violento dentro da escola. A maioria das agressões, 93%, partiu dos alunos, mas a porcentagem de 25% referente aos pais chamou a atenção para o problema.
As histórias de desrespeito contadas pelos professores são muitas. Depois de 22 anos de carreira como “a tia da 3ª série”, A.M, 50 anos, foi espancada pela mãe de um aluno de 10 anos da escola Walfredo de Andrade Fogaça, em São José do Rio Preto, Interior de São Paulo . “O menino era bem bagunceiro, agredia os colegas, mas eu tinha muito carinho por ele”, disse.
A professora contou que tentou quatro vezes, sem sucesso, marcar uma reunião com os responsáveis pelo menino. No último dia 11, uma segunda-feira, a mãe apareceu sem avisar, às 7h. Não deu tempo de A.M. explicar o motivo do chamado. “Fui recebida aos gritos. A mãe dele me jogou no chão, me deu tapas no rosto, arrancou meus cabelos”, lembrou, sem conter as lágrimas.
Foi feito um boletim de ocorrência e a professora passou por exame de corpo de delito. “Os hematomas estão sumindo. Mas a cicatriz na alma vou carregar para o resto da vida.” Ela diz que só voltou a lecionar por causa das cartinhas de apoio que recebeu dos alunos.
Outros professores, de vários bairros da Capital, têm histórias parecidas para contar. “Não precisa ser um tapa ou um soco para intimidar. Só com as palavras, os pais conseguem machucar”, afirmou S.I., 38 anos, que leciona em uma escola do M’Boi Mirim, Zona Sul. S.I. dá aula desde os 18 anos para turmas de 2ª série. “Os pais aparecem e, na frente dos filhos, soltam uma lista de palavrões impublicáveis.”
“Certa vez, em uma reunião de pais e mestres, escutei de uma mãe que deveria trabalhar no zoológico”, disse outra professora, M.S., 39 anos, que trabalha na Zona Oeste. Ela já foi encostada contra a parede por um grupo de pais revoltados com o fato de a educadora ter chamado a atenção de alunos. A professora G.A., 46 anos, também foi vítima de violência.“Fui acusada pela mãe de uma aluna, diante de todos professores, de agredir a menina. Fiquei abalada. Só encaminhei a estudante à diretoria por indisciplina. É o meu papel”, contou a professora.
As conseqüências de relações tumultuadas entre pais e mestres são muitas, uma delas identificada na pesquisa do sindicato: 29% dos professores agredidos afirmaram que estão tão inseguros com o ambiente escolar hostil que pensam em deixar de lecionar.
“O principal impacto da violência do pai contra o professor é que a criança ou o adolescente acaba como um multiplicador das agressões contra o educador”, afirmou Wolmer Áureo Pianca, diretor de escola pública e do Sindicato dos Especialistas em Educação .
Para o presidente da Apeoesp, Carlos Ramiro, a violência é reflexo da imagem deteriorada que a profissão adquiriu. “É uma categoria estigmatizada pelo mau resultado do ensino. Tanto é que, quando a educação pública não estava em crise, a violência não era tão freqüente.”
Para Aurea Guimarães, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Violência e Formação de Educadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), existe outra explicação para a violência dos pais. “Eles vivem afastados da escola e só são chamados para responder pelas falhas do filho. Há um descaso grande da instituição com o responsável pelo aluno. Isso influencia a violência, que é condenável de qualquer forma.”
Educadora teve cabelo queimado
Há menos de uma semana, uma professora da escola estadual Darcy Pacheco, em São José do Rio Preto, teve o cabelo queimado por um de seus alunos, de 14 anos. Sete dias atrás, uma educadora de Suzano, região da Grande São Paulo, foi agredida na sala de aula ao tentar separar uma briga entre duas estudantes do curso de Educação de Jovens e Adultos da escola estadual Antônio Valdemar Galo.
M.S., professora na Zona Oeste da Capital, sofreu abuso sexual. “Fui encostada na parede por dois alunos. Eles passaram a mão em mim. Já faz 5 anos e não esqueço.”
Quem também foi vítima da agressão estudantil foi o atual presidente da Comissão de Educação da Câmara de São Paulo, Beto Custódio. “Quando lecionava na Pedro Geraldo Costa, no bairro Lajeado, Zona Leste, fui abordado duas vezes por alunos na hora da saída”, disse. “Nos dois casos, fui ameaçado com um revólver na cabeça.”
Para Custódio, esta situação só muda quando a unidade de ensino quebra a predisposição à violência. “Quando a escola pára para ouvir os alunos, percebe que eles não pedem muito. No Lajeado, eles pediam apenas quadras esportivas.”
3 comentários:
Nossa.. nem sabia dessas informações,professor sofre... mas tem hora q mandas uns trabalho chatos
tipo uns videos xD brincadeira Professor
so eu entro no blog... caramba so tem coments meu... bela atualização ta muito intrutiva =) pena q nao e meu tema
paro de atualizar... po o pessoal nem se interesso po caramba... a ideia do blog e legal d+ ia ajuda muito
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